terça-feira, 2 de setembro de 2014

O Eterno Retorno

Um jovem perdido em seus sonhos e ilusões, cansado de tanto lutar e nada alcançar, um dia acordou em mais um dia chato, seguindo a mesma rotina de sempre, ele já se encontrava confuso, estava cansado de fazer sempre as mesmas coisas, todos os dias: tomava café da manhã ia pro trabalho, pausava só no almoço, voltava pro trabalho e de lá ia pra faculdade, da faculdade pra casa, direto pra cama. Todos os dias, mesma rotina.
Ele já nem sabia o que tinha feito durante todo dia, estava tudo tão chato e repetitivo para ele que nem se importava mais, chegava em casa vazio, como se não tivesse feito nada o dia todo. Quando chegava o fim de semana ele não fazia muito também, estava sem esperanças de algo novo, apenas resolvia o que tinha que resolver para o resto da semana.
Mais um dia se repetia e ele acordava descrente de todo aquele mesmismo, tudo parecia igual, já estava parecendo um Djavu, ele sempre pensava consigo mesmo ''Hey! eu já fiz isso!'', mas ele sabia que não o tinha feito realmente e prosseguia com a sua rotina naturalmente.
Ficava o dia inteiro em seu escritório arquivando documentos de uma forma consecutiva, as matérias que ele aprendia na faculdade pareciam ser sempre as mesmas também, e como no fim de semana ele não fazia nada, ele sempre estava por dentro das matérias novas e então tudo era familiar para ele, e mesmo quando ele não a estudava era como se fosse algo familiar para ele.
Chegava em casa, sentindo-se vazio como sempre, como se não tivesse feito nada o dia inteiro. Ele acordava no outro dia ia pro trabalho, arquivava os documentos, e tudo lhe soava novamente familiar, os arquivos parecem ser os mesmos, o dia não parecia mudar, até na hora do almoço quando ia comer uma comida diferente em um restaurante ele tinha a estranha sensação de que já pediu aquilo antes.
As mesmas aulas chatas, o mesmo lanche, os mesmos professores, os mesmos colegas...! Ele já estava se sentindo angustiado, parece que isso não tem fim! Ele estava pensando em tirar uma folga, mas até isso lhe parecia angustiante, pois as coisas que ele faz em casa são igualmente chatas e repetitivas. Mas no dia seguinte ele pediu folga para o patrão, como ele era um jovem competente e responsável o patrão liberou.
Aproveitando a oportunidade de folgar nosso jovem personagem foi dar um passeio na praça de sua cidade. Ele novamente estava tendo um Djavu, mas ele não esperava que dessa vez seria diferente. Ele estava atravessando a rua para voltar para casa, quando de repente aparece um carro e o atropela.
Ele acorda assustado, mas nem se lembra com o que sonhava. Meio atrasado para o trabalho levanta-se correndo para se arrumar. E mais um dia se repete, e ele passa a semana inteira nessa angustia, ele pensava em desistir do emprego, porém ele não tem como conseguir outro por agora, ele precisa permanecer nesse. Ele já pensou em desistir até da faculdade, mas ele visa um futuro que parece nunca chegar. Cansado, confuso, ele não sabe mais o que deve fazer...
O fim de semana chega finalmente! Ele resolve dar um passeio no bosque perto da praça que tem na cidade, lá tem um lago lindo, fazia tempo que ele não ia lá. Ele tava passando pela ponte, ela é muito antiga, ele se questionava como uma ponte poderia ser tão velha. Ele não esperava que ela fosse cair, por isso estava passeando por ela, ele nem estava lembrando do fato dele não saber nadar.
Ele não tem muitos amigos, os que ele tinha foram todos embora quando terminaram o ensino médio, ele estava completamente sozinho, não tinha facilidade para fazer amizades, poderia tentar conhecer alguém nesse fim de semana, mas ele não se importava realmente.
No outro dia ele até tentou ir numa balada, conhecer pessoas novas, mas ele não ia com a cara das pessoas com facilidade, ele era realmente um pouco antipático. Ao sair da balada ele se deparou com um bêbado pedindo dinheiro, ele se recusou a dar, mas também não esperava ser esfaqueado por causa disso.
Já é segunda, ele acorda descrente, sem nem lembrar o que ocorrera a noite passada, ele deve ter bebido muito pois a cabeça dele não estava nada boa, chegar atrasado de novo não vai ser legal, mas ele consegue arrumar a tempo de chegar no serviço, vê o patrão bem na porta olhando no relógio, aquilo lhe causa novamente aquela sensação de já ter visto isso antes, o patrão brinca com ele: ''Um minuto atrasado meu jovem, não é coisa do seu feitio isso''.
De volta as papeladas, mais e mais arquivos que parecem nunca acabar. Na faculdade ele estava distraído das aulas, e pensando como tudo lhe parece tão repetitivo, ele já pensou em desistir de tudo, mas não parece ser fácil assim, tudo torna-se a repetir, mesmo sem ele querer, ele não entendia o porque de ter que seguir uma rotina tão chata, e tudo o que ele almejava não parecia ser alcançável.
Ele consegue vencer mais uma semana exausto, nem sabe se vai sair de novo pra farrear igual da última vez, que graça tem fazer coisas que você não se lembra? Éh, talvez fosse melhor ficar em casa mesmo. Porém ele não esperava por um telefonema de uma colega da faculdade o convidando para sair, ele até estranhou, ele nunca tentou se aproximar de ninguém e deixava bem claro que não queria fazer amizades, mas ele não quis ser chato e aceitou o pedido.
Era uma festa que os atoas da sala tinha organizado, eles geralmente vão para a faculdade só para zuar mesmo, pois nem estudam, e essa colega que ligou é que ajuda eles a passarem de ano. Ele começou a se perguntar porque aceitou o convite, mas lembrou que não custava nada tentar fazer algo novo, até porque essa rotina já estava o matando.
Havia um globo no salão, a música eletrônica que estava tocando era até boa. Quando sua colega o chamou para dançar ele começou a ter Djavus outra vez, ele aceitou a dança, mesmo sem saber dançar, mas ela disse que o ensinava. Todos pareciam alegres, o ambiente estava agradável, ele estava começando a se soltar, estava até se enturmando com o grupo, até mesmo aceitando contato físico de sua colega.
Estavam todos bêbados, eles perderam a noção do tempo, passaram madrugada a fora com o som ligado, eles resolveram apostar racha. Nosso jovem personagem estava perdido nos encantos de sua colega, mas não esperava que fossem atropelados pelos seus colegas bêbados...
Mas um dia de trabalho o esperava, ele acordou de novo com ressaca, estava meio atrasado, mas se arrumou rápido, porém ele não esperava por uma surpresa. Tinha alguém na casa dele! Ele gelou o corpo inteiro, pegou alguma coisa para poder se defender, só achou o ferro de passar roupa.
O bandido estava na cozinha, ele estava comendo! - Como ele sabia onde estavam os utensílios para cozinhar? - Porque ele está comendo sentado na minha mesa? - Se perguntava. Quando ele viu algo familiar. Era ele mesmo que estava ali tomando o seu café da manhã para ir para o trabalho. Ele não esperava por isso, mas é verdade.
- O que faz eu ali? - Se questionava. Ele tentou de todas as formas se comunicar consigo mesmo, mas não conseguia, parecia que ele era um fantasma. Porque eu não consigo me ouvir? - se questionava.
Ele acompanhou-se o dia inteiro, até o momento que ele morreu!
Ele não estava entendendo nada, tentou se impedir de morrer três vezes e nada aconteceu. Porque eu estou aqui se eu não consigo me comunicar comigo mesmo? Foi quando ele entendeu o significado de tudo isso...
O Eterno Retorno, nunca tem fim

Hora de Acordar! - Alan Watts

Ler também:

Nenhum comentário:

Postar um comentário